Panorama do Programa de Residência em MFC - 2020/2021

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O Programa de Residência em Medicina da Família e Comunidade (PRMFC) conduzido pela Escola de Saúde Pública de Santa Catarina/SES-SC, possui atualmente 46 médicos residentes, sendo 23 do primeiro ano (R1s) e 23 do segundo ano (R2). Cada residente possui um respectivo preceptor na Unidade Básica de Saúde em que realiza suas atividades práticas.

Atualmente um total de 40 preceptores em atividade, distribuídos pelos municípios do estado de SC: São João Batista, Santa Terezinha, Brusque, Benedito Novo, Gaspar, Indaial, Garopaba, Palhoça, Santo Amaro da Imperatriz, São José, Criciúma, Concórdia, Xanxerê, Itajaí, Tijucas e Balneário Camboriú.

Desses 40 preceptores atuantes no PRMFC, 06 são egressos do nosso programa, ou seja, fizeram sua formação conosco e hoje trabalham em SC e contribuem para a formação de novos MFCs.

Além disso, dentre os 40 preceptores ativos no programa, 17 são pós-graduando da ESPSC entre os cursos de Preceptoria voltado a MFC e Educação Permanente em Saúde com foco na Atenção Primária à Saúde.

O edital de seleção de novos residentes para o ano de 2022 encontra-se em andamento, com 64 novas vagas disponíveis, sendo essas vagas disponibilizadas nos municípios em que já existem residentes (os citados acima) e mais 19 municípios, sendo eles: Camboriú, Tubarão, Ascurra, Curitibanos, Rio do Sul, Videira, Anita Garibaldi, Bocaina do Sul, Bom Retiro, Campo Belo do Sul, Cerro Negro, Otacílio Costa, Painel, Rio Rufino, São Joaquim, São José do Cerrito, Urubici, Urupema e Porto Belo.

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Web espiral construtivista

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A espiral construtivista é uma metodologia ativa de ensino e aprendizagem, que consiste em duas etapas:

Na primeira, destinada a um primeiro encontro, o grupo realiza uma síntese provisória, baseada em seu conhecimento prévio, elaborada através de um disparador (situação-problema, vídeo ou narrativa, por exemplo). Neste processo, são discutidos e identificados problemas, que serão as bases para as hipóteses provisórias.

A partir das hipóteses provisórias, geradas através do conhecimento empírico do grupo, é levantada uma questão norteadora. No intervalo de um encontro e outro, ocorre a busca de informações e pesquisas científicas de forma individual.

Na segunda etapa, correspondente a um segundo encontro do grupo, é realizada uma nova síntese, baseada no conhecimento teórico adquirido neste intervalo. Nessa etapa, os residentes compartilham como fizeram sua busca científica e qual o embasamento teórico encontrado para a realização de sua nova síntese individual para a questão norteadora elaborada no encontro anterior. A finalidade do encontro é construir um conhecimento sólido, baseado na prática, no conhecimento prévio, mas também em dados científicos encontrados e saberes compartilhados. Os temas propostos para as Web Espirais Construtivistas têm enfoque no conteúdo teórico-prático do currículo baseado em competências da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, com discussões sempre voltadas à atuação na Atenção Primária à Saúde. Em 2021, os temas discutidos foram:

Abordagem a problemas cardiovasculares agudos e crônicos, problemas dermatológicos, renais e de vias urinárias, hematológicos e também aos voltados à saúde mental.

 

 

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Foram realizados um total de 12 encontros de grupo Balint entre junho e dezembro de 2021 com residentes do primeiro e segundo ano, divididos em pequenos grupos e para preceptores em um dos nossos Encontros Regionais, que acontecem a cada 3 meses.

Os Grupos Balint iniciaram com o médico psicanalista Michael Balint (1896 a 1970) na década de 1950, na Inglaterra de forma pioneira com médicos clínicos gerais integrantes do serviço nacional de saúde, através de seminários de discussões de casos, denominados pelo seu nome.

Após sua morte, sua esposa, Enid Balint, continuou desenvolvendo os grupos, assim como outros profissionais o fizeram, de forma a disseminar pouco a pouco seu trabalho por todo o mundo.

Naquela época, os médicos viviam dias conturbados e Balint decidiu, então, ouvi-los para tentar trabalhar com eles as possibilidades de um melhor atendimento a uma população castigada pela guerra, pela dor, pelo sofrimento e pela pobreza resultante da devastação bélica da Segunda Guerra Mundial.

Dessa forma, Balint reunia os médicos em grupos e discutia com eles casos clínicos considerados angustiantes e difíceis de serem conduzidos, para refletir sobre a relação médico-paciente e seus aspectos complexos e subjetivos envolvidos neste binômio e que muitas vezes trazem desconfortos, angustias ou insatisfações no atendimento.

Essencialmente, o grupo Balint se concentra em uma análise reflexiva do que se passa nos aspectos emocionais na relação médico-paciente e na possibilidade de ser um instrumento terapêutico, melhorando a satisfação e proteção dos profissionais e também o cuidado ao paciente.

Embora exista uma grande preocupação com a aquisição de conhecimentos clínicos, são os fatores emocionais entre médico e doente que provocam as maiores dificuldades na prática clínica diária.

A participação em grupos Balint proporciona aos participantes a capacidade de reconhecer os sentimentos evocados pelo contato com os pacientes, detectar significados emocionais de muitos sintomas apresentados na consulta, aprimorar o autoconhecimento sobre as próprias reações emocionais e mecanismos de defesa desencadeados, além de ser um espaço para que os participantes do grupo possam expressar suas ansiedades e frustrações profissionais, reconhecendo seus limites, valorizando os efeitos da sua própria humanidade e personalidade na relação com o paciente. Não se trata de terapia de grupo, embora se saiba que o grupo Balint é terapêutico para seus membros.

O grupo é, tradicionalmente, realizado em formato de círculo, mas também pode ser realizado via web conferência, desde que todos os participantes estejam vendo uns aos outros e com possibilidade de se comunicarem.

É importante dizer também que o grupo Balint não tem como objetivo dar conselhos, orientações ou mesmo determinar condutas ao relator do caso. A meta a ser atingida é a compreensão dos aspectos psicodinâmicos da relação médico pessoa. Não é um espaço para julgar condutas, dizer o que é certo ou errado, o foco é discutir os sentimentos que possam existir entre médico e paciente diante de tal situação e analisar o que se passa na relação médico-paciente.

Uma vez que todos os participantes se expõem, trazem casos pessoais e expressam sentimentos e emoções muito íntimas, o grupo Balint é um espaço bastante protegido. Por este motivo, o sigilo e proteção do ambiente são fundamentais. Além disso, é um espaço de reflexões profundas em que é realizado com muita seriedade e respeito, não podendo haver anotações e, uma vez encerrada a atividade, o que foi discutido no grupo, não sai dali.

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Discussão e Treinamento de Habilidades de Comunicação

Foram realizadas 20 sessões entre junho e dezembro/2021 a PBI (Problem Based Interview ou Entrevista Baseada em Problemas) é uma técnica utilizada para o aprimoramento da comunicação clínica, baseada na discussão em grupo de uma consulta gravada (consulta real, realizada no dia a dia de atendimento na Unidade Básica de Saúde onde o residente realiza suas atividades, com autorização do paciente), que se adapta à sensibilidade particular dos grupos de aprendizes, gerando oportunidade de aprimoramento da qualidade da comunicação na consulta.

A Web PBI tem por objetivo ser um encontro virtual para o aprimoramento das técnicas de comunicação através do compartilhamento de saberes, de forma construtiva, através do uso da técnica de vídeo consulta

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Em 2021 foram realizados 18 encontros com discussões de casos reais do cotidiano de atendimento na Atenção Primária à Saúde trazidos pelos médicos residentes. Entre outros, os temas discutidos foram: desconforto abdominal, envolvendo diagnóstico e seguimento de neoplasia de trato gastrointestinal e seu rastreamento, sintomas neurológicos, envolvendo diagnóstico de hidrocefalia de pressão normal, síndrome de Guillain-Barré, delirium, quadros relacionados a problemas hematológicos, com distúrbios de plaquetas e situações de emergência em hematologia, transtornos psíquicos, diabetes e seu tratamento, problemas dermatológicos, manejo de comorbidades, manejo de dor crônica, manejo e diagnóstico de doenças infectocontagiosas como tuberculose e hepatites, abordagem a problemas em crianças como nefropatias, estridor e laringomalácia, assim como de saúde da mulher, como sangramento uterino anormal e emergências obstétricas.

 

Encontros regionais entre residentes, preceptores, tutores e a equipe de coordenação PRMFC-SC

Além de todas as atividades práticas que os médicos residentes realizam nos municípios onde estão alocados, nos estágios externos e as atividades teóricas mencionadas acima, também realizamos encontros regionais a cada 3 meses.

Nesses encontros, reunimos residentes, preceptores, tutores e a equipe de coordenação do PRMFC com objetivo de integrar os diversos municípios, dividir experiências e vivências.

As atividades são guiadas através de oficinas para trabalhar habilidades de comunicação e oficinas avaliativas. Em 2021, devido à pandemia por COVID-19, esses encontros, que anteriormente eram presenciais, foram realizados em formato virtual, através de web conferências.

As avaliações são formativas e contínuas ao longo do processo de formação do médico residente, realizadas em nível local entre médico residente e preceptor e formalmente por meio de uma ferramenta chamada Contrato de Ensinagem.

Neste contrato, revisitado trimestralmente, cada dupla de preceptor e residente estabelece uma parceria de ensino e aprendizagem e acordam, desde o início, os objetivos a serem alcançados, as metodologias e as formas de avaliação, levando em conta as expectativas, os pontos fortes, dificuldades e pontos a aprimorar.

Além dessa ferramenta, a coordenação também utiliza questionários online para realização de autoavaliações, avaliações de seus pares e do próprio programa de residência.

Nesses questionários avaliamos, através da resposta dos médicos residentes e preceptores temas voltadas a frequência, assiduidade, disponibilidade e iniciativa para resolução de problema, domínio de habilidades técnicas e pedagógicas, grau de satisfação com o programa de residências, assim como questões a serem priorizadas no processo de ensino e aprendizagem, levando em consideração o Currículo Baseado em Competências da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, sempre abrindo espaço para sugestões de melhorias e como aperfeiçoamento desse programa, que se encontra em constante crescimento e aprimoramento.

Referências Bibliográficas

GUSSO, Gustavo D. F., LOPES, Jose M. C. Tratado de Medicina de Família e Comunidade – Princípios, Formação e Pratica. Porto Alegre: ARTMED, 2012.

JORGE BRANDÃO. Relação médico doente: sua complexidade e papel dos grupos. Balint RevPortClin Geral 2007;23:733-44.

Juan Adolfo Brandt. Grupo Balint: aspectos que marcam a sua especificidade. Revista do NESME, 2009, v. 2, n. 6, p. 199-208

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Núcleo de Residências

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Núcleo de Pós-Graduação e Extensão

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